300: o outro lado da história
Capítulo Treze
Ephialtes permanece parado naquele ponto da sala, observando a aproximação de Artemis.
- Leônidas não me autorizou, por isso não levarei você a julgamento por rapto.
- Não raptei ninguém.
- Não tenho como provar, corcunda. Mas logo após sua rejeição por parte do rei, aconteceu a invasão do palácio e o rapto de Lassir.
- Que culpa tenho eu, se suas defesas são frágeis?
Artemis sente o ímpeto de esbofetear o corcunda, porém decide agir com diplomacia e crueldade.
- Lassir é uma jovem instruída, sabe ler e escrever. Pertence à nobreza e mesmo assim decidiu ter um ofício: ela é arqueira do exercito e sabe forjar espadas. E você, o que faz?
- Sou lavrador.
- Hum! E pretende ser lavrador aqui no palácio?
- Eu ficarei onde Lassir ficar. Caso ele queira partir, partirei com junto.
Artemis sorri zombeteiro.
- Vê este anel? Eu sou o representante do Rei Leônidas e minha palavra é a palavra dele. Eu já determinei vigilância total sobre a irmã do rei e determinei a proibição de sua presença dentro deste palácio. Não aprecio a sua figura e não confio em você.
Ephialtes não demonstra alteração.
- Irei embora se Lassir me pedir.
- Irá embora ou decretarei a morte do bebê que ela carrega. Farei com que os sacerdotes declarem a criança defeituosa e eu a matarei pessoalmente.
- E eu matarei você, Capitão.
Um sorriso debochado surge nos lábios do soldado.
- Não está em condições de negociação ou mesmo de fazer ameaças, corcunda. Agora e por algum tempo, o palácio estará sob minhas ordens e da Rainha Gorgo. E nós dois decretamos o seu exílio destas terras. Seremos bons com você e daremos algumas moedas e mantimentos para que sobreviva por alguns meses. Depois, será por sua conta.
- E se eu me recusar?
- Ordenarei sua prisão perpétua. Você será esquecido na prisão e carregará a dor pela dor que causará em Lassir. Mas se for um homem inteligente, deixará Lassir e o bebê para trás e seguirá sua vida como um cidadão rico.
Ephialtes esboça um sorriso.
- Você quer que eu venda meu filho?
O rosto do Capitão desbarranca.
- Sim, Capitão. O filho que Lassir espera é meu. Eu fui o primeiro homem que ela conheceu e durante muitas vezes, nós nos encontramos e por isso geramos um filho.
- Eu deveria arrancar seus olhos, maldito!
- Isso não mudará o fato de que o corcunda execrado pelos espartanos, engravidou Lassir.
Inclinando-se para frente, o Capitão encara o corcunda ferozmente.
- Você terá dois amanheceres para sair do castelo ou irei matar seu filho. A escolha é sua, corcunda.
Um espaço de tempo depois...
- Você me abandonou quando eu era criança e abandonou-me quando me deixou sozinho à mercê de Xerxes. Agora vai me deixar sob às regras de Gorgo e de Artemis? Por que me trouxe de volta?
- Por que Xerxes iria matar sua criança.
- Nossa criança! – grita Lassir.
- Xerxes iria esperar o nascimento e o fortalecimento da criança para que ela aguentasse o campo de batalha. Durante a luta, mataria a criança diante de Leônidas para humilhá-lo. Primeiro ele desposara uma espartana e em seguida feriria o orgulho dos espartanos ao matar uma criança saudável e de sangue real.
Lassir não consegue responder devido ao horror que sente.
- Por isso decidi que precisávamos fugir de lá. Aqui estará mais seguro. Você e o bebê.
- Mas você irá abandonar sua criança?
Ephialtes toca delicadamente o queixo de Lassir.
- Estarei com você sempre dentro do meu coração. Quando quiser conversar comigo, olhe as sombras das palmeiras nas noites de lua cheia. Pense que eu estarei lá escondido e ouvindo tudo o que me disser.
- O Capitão Artemis recebeu a autorização de Leônidas para casar-se comigo...
- Ele é um excelente soldado, um homem bonito e saudável, podendo gerar filhos saudáveis. Ele é forte e não precisa andar curvado com dificuldades para erguer-se...
Num gesto rápido, Lassir agarra-se ao corcunda, abraçando-o fortemente.
- Foi por você que eu atirei para o ar, todos os meus preceitos e meus segredos, Ephialtes! Minha vida real começou quando consegui confiar meus dias em suas mãos!
- Eu estarei em todos os lugares que meus dois amores estiverem. Eu irei tranquilo porque sei que vocês estarão nas mãos de um guerreiro como o Capitão. – Ephialtes segura o rosto de Lassir entre as mãos. Pisca um dos olhos e movimenta rapidamente a cabeça, indicando um sinal. – Confie ao Capitão os seus segredos e ele irá confiar-lhe os deles.
Lassir alarga um sorriso. Ele entende o sinal de que alguém os escutava escondido. Em seguida, abraça o seu querido corcunda e apenas o oberva sair do quarto.