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300: o outro lado da história

By: dudumarais
folder Portuguese › Movies
Rating: Adult ++
Chapters: 22
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Disclaimer: I own no one and nothing from "300". I do not know anyone in the story: this is a work of fiction. I make no money from this.
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Capítulo Quatorze

Nos dias que se seguem, Lassir permanece sob vigilância de dois soldados e sob os cuidados apaixonados de Pérola.

- Não estou sentindo-me bem. – Lassir recebe uma cuia com uma bebida quente e finge não perceber a aproximação de Artemis.

- Teremos uma reunião com o senador Theron e gostaríamos que você participasse. – o Capitão mostra-se altivo em sua vestimenta alva.

- Eu nunca gostei desse senador. Ele é um traidor e covarde. Tenha certeza disso.

- Por que diz com essa certeza? – Artemis senta-se no móvel ao lado de Lassir.

- Ele é um deformado espiritual e isso será cobrado dele. Pode apostar... – Lassir inclina-se e geme com dor.

- O que foi?

Lassir apoia a mão na barriga e estende a outra mão para ser segura por Pérola. A serva sorri e beija a mão de “sua rainha”.

- Ela está entrando em trabalho de parto!

Horas mais tarde, a Rainha Gorgo entrega uma taça com vinho ao Capitão. Ele sorri abobalhado.

- Lassir dará à luz com pouco mais de sete meses? Não acha isso estranho?

- Lassir é “um homem-mulher”! Está esperando um filho de Ephialtes! O que pode ser mais estranho?

- Ou o nascimento está adiantado ou Lassir já estava esperando uma criança quando foi raptado. Então, o pai da criança está aqui dentro do palácio.

O Capitão empertiga-se e sente seu sangue ferver.

“Ele é um deformado espiritual e isso será cobrado dele.”

- Theron tocou em Lassir! – o soldado rosna. – Vou enforcá-lo com as próprias vísceras!

O rosto furioso de Gorgo torna-se ainda mais severo. As sobrancelhas quase se unem e ela sente a alma ferver junto com seu sangue.

O maldito teria tocado Lassir também? Não havia bastado a humilhação que ele lhe impingira? Tinha de tocar Lassir e expor o segredo da família aos olhos de quem pudesse ver? Ah, maldito! A morte seria lenta e ele não sentiria prazer! Desgraçado!

Na madrugada daquele mesmo dia, Gorgo recebe a notícia de que Lassir havia dado à luz duas meninas e que uma delas havia nascido com um dos braços atrofiados. A rainha chora. Sabe que os sacerdotes iriam examinar a criança e condená-la ao mesmo destino que tantas outras crianças frágeis. Mas aquela precisava ser poupada por ser filha de quem era!

Mesmo com o corpo debilitado pela força feita, Lassir banha-se e dedica suas ultimas reservas para as meninas. Chora de felicidade, porém, o que estava sentindo muda-se rapidamente para o desespero quando percebe que a criança mais frágil não estava mais respirando.

Os gritos chorosos trazem Artemis para dentro do quarto e ele reconhece exatamente a dor que havia ali dentro.

- Artemis, eu lhe imploro! Ajude minha filha! – Lassir estende a criança para o Capitão e ele apenas observa o bebe imóvel. – Você tem o poder de um rei! Eu suplico para que use esse poder e ajude minha filha!

- Não tenho o poder de um dos deuses...

Lassir chora ainda mais e envolve a criança contra o peito. Pérola a conduz para a cama e com cuidado a acomoda ali. Organizaria alguns tecidos e incensos para perfumar o corpo da criança antes do enterro.

Artemis não consegue conter o choro ao sentir novamente a dor que sentira quando o filho havia sido morto em batalha. Sai do quarto.

Horas mais tardes, Lassir resmunga alguma cantiga de ninar enquanto limpava o corpinho do bebê. Toca com carinho o toco onde estaria um braço. Deita a criança de bruços e passa o tecido úmido nas costas dela e para seu sobressalto, a criança soluça.

- Pérola! Venha depressa!

A persa é tomada de assalto quando vê o bebê movendo-se. Sorri.

- Ela está viva!

Lassir gargalha e abraça a menina. Senta-se na cama e a aperta contra o peito.

- A menina vive? – a voz grossa de Artemis chama a atenção para sua chegada.

- Não! – grita Lassir, mas devido à perda de sangue e esforço físico não consegue lutar contra o soldado que arranca a menina de seus braços.

Ouvindo gritos, urros suplicantes e blasfêmias, Artemis sai do quarto carregando o bebê que seria outro trunfo para conseguir seu objetivo, seu sonho latente há anos em seu coração.

Nos dias seguintes, uma tempestade de tristeza invade os corações de quem habitava o interior do palácio. Os soluços ouvidos pelos corredores não pertenciam somente a Lassir, mas a quem havia convivido com aquela gravidez após o rapto.

- Como ela está? – a bela Rainha Gorgo observa Lassir ter o corpo protegido por algo mais quente.

- A minha Rainha está morrendo, senhora. Ela perdeu muito sangue no parto e sofreu demais com as duas mortes da menina Irani.

- Irani? Um nome persa?

- Eu tenho feito tudo o que aprendi, mas a minha rainha decidiu que não quer mais viver.

Gorgo olha para os lados e vê a outra criança deitada nos braços de uma serva bem jovem. Caminha até lá e apanha a menina em seus braços. Retorna com o bebê e vai deitar-se na mesma cama que Lassir, depositando a menina entre seus corpos.

- Lassir, meu amor, meu irmão, minha irmã...abra esses olhos lindos e veja quem está deitada conosco. É sua filha viva e ela precisa do calor de seu corpo, das batidas do seu coração e do leite que somente surgirá em seus seios, caso você permita que ela mame.

Silêncio.

- Ela ainda está aqui e deve ser o seu motivo para viver. Você precisa continuar conosco, porque há uma pequena vida que depende da sua força para continuar a jornada.

Silêncio.

- Estou implorando para que não saia desta vida, antes de ver sua filha lutando pela nossa pátria!

Silêncio.

Gorgo aproxima os lábios da orelha de Lassir e beija delicadamente o lóbulo. Sussurra:

- Irani ainda vive. Nós a poupamos porque ela é exclusivamente sua.

Lentamente, movimentos das pálpebras avisam que Lassir estava lutando para buscar forças em algum lugar escondido, dentro da alma. Duas safiras exibem-se para a admiração de Gorgo.

- Você precisa lutar, Lassir. Por você e por elas.

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