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300: o outro lado da história

By: dudumarais
folder Portuguese › Movies
Rating: Adult ++
Chapters: 22
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Disclaimer: I own no one and nothing from "300". I do not know anyone in the story: this is a work of fiction. I make no money from this.
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Capítulo Quinze

Quando Lassir recupera-se do esforço físico e emocional, recebe todos os cuidados ainda mais acentuados de Pérola. A mulher persa tratava sua rainha como se ela fosse uma pequena divindade caída do palácio dos deuses.

- Gosto muito dessa bebida escura que você sempre me dá. Do que é feita?

- É uma bebida vinda do Egito e é feita de trigo e cevada. Mas eu adiciono mel, ovos de pata e hortelã. Além de fortalecer o corpo após o parto, ainda auxilia na produção de leite. – Pérola sorri. – Desde que a senhora começou a beber isso, sua quantidade de leite é imensa e pode amamentar três crianças.

- Para isso tira o meu leite?

- Há duas outras crianças que precisam alimentar-se e a senhora está fazendo isso. – Pérola senta-se ao lado de sua rainha e toca-lhe o rosto bonito. – A senhora é a criatura mais linda que eu já vi em toda a minha vida! É um homem magnífico, mas também é a mulher mais bela que as estátuas de deusas!

Lassir esboça um sorriso tímido e ainda triste. Sua vida havia mudado radicalmente em tão pouco tempo. Em questão de amanheceres, havia sido obrigado a ver-se com a divisão corporal que existia e depois de passar pela horrenda dor do parto, sentira a horrenda dor do assassinato de sua menina.

- A senhora pretende retornar ao nosso rei Xerxes?

- Ephialtes me disse que o rei iria usar a menina contra Leônidas. O que ele não conseguiu comigo, iria conseguir ao assassinar a criança em meio à alguma batalha.

- Isso é mentira do corcunda, minha rainha! O nosso rei a tratou como nunca havia tratado alguém. Ele cuidou da senhora e do bebê e caso tivéssemos ficado lá, Irani estaria viva.

- Não sei em quem mais acreditar, Pérola.  Todos em quem eu confiava, traíram a minha confiança. Leônidas ignorou a minha vida e deixou-me à mercê dos persas; Ephialtes abandonou-me no palácio sabendo minha condição; meu amigo Artemis levou embora minha filha para ser atirada ao precipício; Gorgo sequer se pronunciou, mesmo sabendo que minha filha tinha o nosso sangue real.

Pérola acaricia os cabelos de Lassir.

- A senhora tem a mim. Eu daria minha vida por você duas. Caso queira ir embora daqui, eu a levarei para bem longe. Tenho família na cidade de Mileto e poderemos cuidar da senhora e da menina. Não será uma vida luxuosa, mas será segura e protegida.

- Vou me recuperar e não permitirei que a raiva e o ódio saiam de minha alma. Todos aqueles que me fizeram chorar, irão chorar também.

Nos dias que se passam, Lassir dedica-se à sua recuperação física total. Queria estar em forma para alguma batalha iminente.

Artemis ainda estava ao lado de Gorgo e aguardava a resposta de Lassir ao pedido de casamento. Como era de praxe nas regras espartanas, o soldado retornaria à batalha após ter a certeza de que deixara um herdeiro no ventre de sua esposa. Aproveitava o momento para acompanhar a rainha durante as reuniões tensas com aqueles senadores arrogantes.

Naquela manhã, quando Artemis entra no quarto de Lassir, encontra seu amor em pé diante da janela com a filha Yasmim deitada serenamente em seu ombro.

“Brilha, brilha estrelinha/ Na palma de minha mão/ Protegendo a criancinha/ Da malvada escuridão/ Brilha, brilha estrelinha/ Não permita que suplício/Amedronte a criancinha/ Atirada ao precipício!” - cantarola Lassir, soluçando e embargando-se com o choro.

Aproximando-se de Lassir, o soldado toca-lhe o ombro e recebe aquelas duas safiras brilhantes sobre seu rosto. Os longos cílios escuros estavam molhados pelas lágrimas de dor. Incomodado com a dor que estava produzindo, o soldado não consegue mais segurar o segredo. Não tinha sido justo com aquela criatura marcada pela vida desde seu nascimento.

- Eu quero que me peça qualquer coisa, Lassir. E eu lhe darei.

- Quero o corpo de Irani para que eu possa cremar e chorar por ela.

- Isso não poderei realizar. Peça outra coisa.

- Quero uma bandeja de prata com as cabeças de Leônidas, a sua e de Gorgo sobre ela.

O soldado abaixa os olhos e depois volta-os sorridentes para Lassir. Que criatura linda!

- Tenho um presente de casamento para você. Poderia me acompanhar?

Insubmisso, Lassir não se mostra tão delicado e frágil como estava quando carregava as crianças no ventre. Era o guerreiro espartano, a mulher forte e poderosa de sangue real. Entrega Yasmim para Pérola e acompanha o Capitão.

Enquanto caminhavam, Lassir perde-se em pensamentos maldosos e sorri imaginando a imagem da cabeça de Artemis empalada numa lança e ressecando ao sol. Iria salgá-la para que os pássaros não a devorassem e assim ficaria mais tempo exposta. O mesmo faria com seu irmão traidor e sua cunhada omissa e covarde.

Era até incoerente pensar em Gorgo como uma mulher covarde. Ela era uma guerreira. Mas os guerreiros são frios.

A porta é aberta e o quarto do Capitão é exibido aos olhos de Lassir. Um quarto claro, onde duas jovens servas cuidavam de afazeres. No centro do quarto, um grande berço de vime acomodava uma criança agitada.  A curiosidade de Lassir é aguçada.

- Eu cometi um ato de rebeldia ao desobedecer as ordens do rei. Leônidas foi categórico sobre o destino de uma criança disforme que poderia nascer de você. Infelizmente, aconteceu e você conhece as leis.

- Quer uma condecoração por bravura?

Artemis segura o braço de Lassir e o conduz para junto do berço.

- Somente eu e minhas duas servas entramos neste quarto.  Tenho privacidade e por isso decidi usar como santuário. Em breve, depois do nosso casamento, enviarei você para fora de Esparta. Eu a enviarei para Tessália com alguns parentes meus e lá ficarão em segurança.

- E por que o senhor acredita que haverá casamento?

Artemis aponta para o berço e o som de uma criança atrai a atenção de Lassir, que se aproxima apenas para sentir suas pernas virarem geleia. Estava afundando em um campo de areia movediça e acaba precisando do amparo do soldado.

Ali, deitadinha no berço de vime estava Irani. Movia-se fortemente e agitava seu toco de braço. Lassir grita e avança para tomar a menina nos braços e cobrí-la com tantos beijos que a deixa quase sufocada.

- Eu desobedeci aos sacerdotes, às ordens do rei e da rainha. Escondi a menina aqui até que ficasse forte. Pensei que não sobreviveria, mas o leite que retiravam de você vinha para a alimentação dela. Entenda, Lassir, eu não poderia permitir que outras pessoas soubessem que Irani estava viva.

Os olhos cristalinos e intensos de Lassir voltam-se pesados e agradecidos para o soldado.  

Artemis sorri ainda mais. Havia triunfado e teria a mais bela esposa de toda a Esparta!

- Eu não tenho como agradecer pelo que fez, mesmo que viva por mil anos!

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