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Segunda Chance de Felicidade

By: Bewinha
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Rating: Adult ++
Chapters: 2
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Disclaimer: I do not own the games(s) that this fanfiction is written for, nor any of the characters from it. I do not make any money from the writing of this story.
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Aqui está o segundo capítulo, espero que gostem e digam qualquer coisa!

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Passaram-se dois meses. Pouca coisa mudou, no entanto, houve uma mudança. Ninguém sabia o que era mas todos o sentiam. Algo tinha mudado. Contudo foi uma mudança tão insignificante que não foi identificada. Cloud ainda não regressara. As reconstruções de Radiant Garden estavam praticamente completas. Os dias prosseguiam, semelhantes e monótonos.

Tifa continuava à espera do retorno de Cloud. Depois daquele embaraçante dia, tudo voltou ao normal. Ela voltou a fingir que estava tudo bem e que não havia qualquer problema; que já estava habituada a tudo o que o Cloud fazia, que a magoava. Os seus amigos também voltaram à sua rotina. À rotina de fingirem que não sabiam de nada e à rotina de fingirem que não tinham pena dela. Ela conseguia ver através de todos eles, mas apreciava o esforço de qualquer maneira. Desde esse vergonhoso dia que ela e Leon se cumprimentavam. Não diziam mais nada um ao outro; apenas aquele cumprimento diário que parecia dizer “já reparo em ti, já sei que aí estás, já te vejo.”. Tifa estava eternamente agradecida pela discrição de Leon, e sobretudo, pelo facto de, naquela manhã, não a ter forçado a explicar-se.

A jovem, lutadora mulher resignou-se e abriu outro bar. Não era tão grande como o outro mas era mais do que suficiente para alguém que vivia sozinha. O piso de baixo era constituído praticamente todo pelo bar. Havia uma pequena cozinha cuja porta ficou inteligentemente protegida pelo balcão do bar e uma pequena porta a um canto dava para uma minúscula casa de banho equipada apenas com uma sanita e um lavatório. O piso de cima, em comparação com o anterior, era consideravelmente mais pequeno. Nunca teria servido se ela ainda tivesse as crianças…. As crianças,… ela sentia a falta delas. Tinha apenas um quarto, que não era muito maior do que a cozinha, uma casa de banho razoável, e um pequeno escritório que ela transformara numa sala de estar com um grande sofá/cama, onde Cloud poderia dormir quando resolvesse aparecer. Foi a única coisa que o seu pequeno orçamento lhe tinha permitido, mas era só sua. O seu pedaço de tecto, e ninguém lhe podia tirar isso.

Certa noite, já depois do bar ter fechado e depois de Tifa ter limpo tudo, instalou-se um silêncio arrepiante. Sim, esse silêncio aparecia todas as noites, mas ela tinha-o ignorado. Hoje não conseguiu. Estava demasiado cansada. Também havia silêncio no outro bar mas era diferente. Porque ela sabia que no dia seguinte ele ia estar repleto de risos e gargalhadas de crianças. Aqui ela sabia que quando acordasse o mesmo silêncio angustiante dar-lhe-ia os bons dias, e assim permaneceria todo o dia.

“Habituei-me a estar acompanhada. Já não sei estar sozinha.”

Pensou sentando-se em cima do balcão e observando abstractamente o espaço que a rodeava.

“Bem, só tenho de voltar a acostumar-me a estar sozinha…. Melhor isso do que enlouquecer.”

Nesse preciso momento ouviu a fechadura da porta do bar destrancar-se e Yuffie entrou de rompante seguida por um Leon que não parecia muito contente por se encontrar ali.

- Ah, ainda estás acordada! Óptimo! - disse a ninja dirigindo-se até ela.

- Yuffie, eu dei-te uma cópia da chave do bar, para o caso de alguma emergência. Aconteceu alguma coisa?

- Nem vais acreditar! Eu e o Leon estávamos a patrulhar a cerca de cinco quarteirões daqui…

- Quarenta e cinco. - interrompeu Leon na sua voz monocórdica. Agora ela sabia porque é que ele não estava com cara de muitos amigos.

- Cinco, quarenta e cinco… é tudo a mesma coisa! O que interessa é que quando estávamos a patrulhar vimos ao longe uma cabeça loira inconfundível.

O estômago de Tifa deu vários nós (ou pelo menos foi o que lhe pareceu)e subitamente toda a cor da sua cara desapareceu. Olhou primeiro para Yuffie e depois, mais discretamente, para Leon. Ambos tinham o olhar fixo nela, no entanto, o de Yuffie era expectante e animado, como se estivesse à espera de que a qualquer momento a amiga se levantasse e saísse do bar a correr para os braços do homem que amava. O de Leon era observador, como se estivesse apenas a avaliar a sua reacção, em vez de esperar uma.

- Então?!? - disse Yuffie que já não aguentava o silêncio que se instalara.

- Estou cansada. - foi a resposta de Tifa. Se ela se estava a referir ao trabalho ou ao Cloud, ninguém sabia senão ela.

- Bem, queres que o vá avisar de onde moras agora?

- Se ele quiser, ele encontra-me. - disse Tifa levantando-se do balcão. Sentia-se levemente mal disposta. - Eu estou cansada, exausta até. Vou dormir. Não te esqueças de trancar a porta… Boa noite. - disse subindo as escadas.

Yuffie observou de olhos esbugalhados enquanto a sua melhor amiga desaparecia pelas escadas acima.

- Eu sonhei, ou isto aconteceu mesmo? - perguntou olhando para Leon. Este limitou-se a virar costas e caminhar para fora do bar. - Oh, meu Deus, isto aconteceu mesmo! - exclamou saindo atrás dele.

- Tranca a porta.

- Tens noção do que isto significa?!? - continuou a jovem enquanto trancava a porta. - O Universo como o conhecemos deixou de existir!

- Estás a exagerar.

- Ai não, não estou! Tu não conheces a Tifa como eu conheço, ou melhor tu não conheces a Tifa. Isto é maior que o incidente do Meteor!

Perante esta exclamação, Leon lançou-lhe um olhar inquisitivo.

- Longa história!… O que eu quero dizer é que isto é… grande, percebes? É claro que não percebes!… Era suposto ela sair dali connosco e ir a correr para ele.

- Porquê?

- Como porquê?!? Porque ela gosta dele! Porque sempre foi assim!

- O que é que ela ganha com isso?

- Como assim, o que é que ela ganha com isso?? Nada, o que é que haveria de ganhar?

O silêncio que se instalou foi algo raro na presença de Yuffie. Aquela pergunta, que não precisava de resposta, tinha respondido a tudo.

- Precisamente. - disse Leon, antes de se separar dela e seguir rumo a sua casa.

……………………………………...................................................................................................

O dia seguinte chegou demasiado cedo para Tifa, e sair da cama foi mais difícil do que esperava. Porque não podia ficar na cama o resto da vida? Confortável, quentinha e bem longe do mundo. Porque era cobardia e se havia uma coisa que Tifa não era, era cobarde. Mesmo assim, a ideia de o ser era muito apelativa de momento. Virou-se e olhou para o relógio que tinha na mesa de cabeceira. Dez da manhã. Tinha mesmo que se levantar………. Ou então podia ficar mais uma hora.

O telefone começou a tocar. Quem quer que fosse, que telefonasse mais logo. Não podia ser algo grave. Virou-se e encolheu-se ainda mais nos lençóis. O telefone continuava a tocar. Que mal tinha ficar mais uma hora?? O mundo não parava sem ela. Quando finalmente o barulho cessou, a jovem sorriu e fechou os olhos.

O telefone voltou a tocar.

- Ah! Está bem, já percebi! Pronto já estou de pé, ok?!? - esclamou enquanto se levantava e se dirigia para o telefone. - É bom que valha a pena…. Sim? - quando finalmente atendeu o telefone a ligação terminou.

- Ela não atende. - disse Yuffie pousando o telefone.

- Talvez tenha saído. - disse Aeris.

- Não sei…. Estou preocupada. Ela não parecia estar grande coisa ontem.

- Porque não passas por lá?

- É, deve ser o melhor.

- Yuffie, vamos. - disse Leon aparecendo seguido de Cid e Cloud.

- Ok. Vemo-nos por aí. - disse a jovem para o resto do grupo.

- Temos muito que fazer. - disse Leon enquanto caminhavam. - A zona a oeste daqui vai começar as ultimas reparações e eu quero acabar isso o mais depressa possível.

- Ok. Um,… Leon?

Leon conhecia aquele tom. Significava que ela lhe ia pedir alguma coisa e que provavelmente era algo que ele não ia gostar.

- Não. - foi a resposta prévia.

- Eu ainda não disse nada!

- Nem vais precisar de dizer. A minha resposta é não.

- Como é que sabes se ainda nem sequer me ouviste?

- Tem que ver com as reparações da cidade?

- Bem, não…

- Então a resposta é não.

- Oh, vá lá, Leon! - suplicou a rapariga, agarrando-se ao seu braço. - Eu só quero certificar-me de que a minha melhor amiga ainda está viva.

Perante esta afirmação o guerreiro parou e olhou para a sua parceira.

- Eu tentei telefonar-lhe mas ninguém atendeu. Vá lá! É só um desviozinho de nada, não nos vamos demorar, eu só quero ter a certeza de que ela não está dentro da banheira com os pulsos cortados. - Yuffie disse aquilo de uma maneira tão alegre, que parecia estar antes a dizer: “Só quero ver se está ali na loja ao lado.”

- Com duas condições. Uma: não nos vamos demorar mais do que o necessário. Duas: larga-me o braço imediatamente.

- Feito! - disse a jovem largando-o de imediato.

Quando chegaram, a porta da frente continuava trancada, tal como a tinham deixado na noite anterior.

- Achas que pode ter acontecido alguma coisa? - perguntou Yuffie olhando para ele com olhos apreensivos.

Ele limitou-se a revirar os olhos e esperou que ela tirasse a chave e destrancasse a porta. A verdade é que embora lhe custasse admitir, começava a ficar preocupado. Não da mesma maneira que Yuffie, mas já a tinha ouvido criar tantas hipóteses desastrosas, que era impossível não ficar apreensivo.

Quando a porta se abriu e entraram, puderam observar que se encontrava tudo conforme tinham visto à várias horas atrás. As luzes estavam todas apagadas e não se ouvia um único ruído. Ambos caminharam silenciosamente pelo bar, procurando algum indicio de que se passava algo fora do normal.

- Eu vou ver na cozinha, - disse a ninja num tom quase imperceptível. - tu vez naquela porta. - disse apontando para uma porta que se encontrava a um canto da sala, mesmo ao lado das escadas.

Sem fazer o mínimo ruído (embora não percebesse bem porquê, visto parecerem assaltantes)dirigiu-se até à porta e quando se preparava para a abrir sentiu uma presença atrás de si. Virou-se muito mais depressa do que qualquer pessoa o faria, mas mesmo assim não foi depressa o suficiente. Antes de ter tempo de perceber quem era foi atingido no maxilar e deitado ao chão com uma rapidez e força que só podiam dizer uma coisa, Tifa estava mais do que bem. Chiça! Ela tinha uma esquerda impressionante. Tinha sorte se não tivesse rachado o maxilar.

Sentiu-a posicionar o corpo por cima do dele, de maneira a que não lhe fosse possível escapar. Prendeu-lhe as pernas com as suas e enquanto que com um braço o imobilizou, com o outro cortou-lhe a circulação do ar.

No entanto, por muito irreal que parecesse, a única coisa na qual se conseguia concentrar era a sensação do seu corpo colado ao dele. Ela não parecia estar a usar muito em cima e devia ter tomado banho à pouco tempo porque algum cabelo caiu-lhe para cima e estava a molhá-lo. Ele já não se lembrava da última vez que tinha estado assim tão próximo de alguém e por muito que lhe custasse admitir também já não se lembrava da última vez que tinha estado tão confortável. Sabia bem ter outra vez o corpo de uma mulher moldado ao seu.

- Ei, o que é que se passa?!? - disse Yuffie saindo da cozinha e procurando o interruptor da luz. - Eu ouvi um barulho e… Leon??

As luzes acenderam-se e Leon pode ver Tifa enrolada numa minúscula toalha de banho a olhar para onde ele supunha que estivesse Yuffie e depois olhar para ele. Quando o reconhecimento lhe passou pelos olhos, ela corou dos pés à cabeça e libertou-o.

- Peço imensa desculpa, Leon! Eu pensei que fossem ladrões. - disse apressadamente, saindo de cima dele.

Leon sentiu um impulso quase irresistível de a agarrar e mantê-la ali. Em vez disso, levantou-se e tratou de examinar o maxilar. À primeira vista não parecia estar partido, mas era impossível não ficar com uma negra, isto se não inchasse.

- Espera um pouco, eu vou dar uma olhadela a isso. - disse guiando-o até uma mesa onde ele se sentou. - Yuffie, isto é tudo culpa tua! - disse virando-se para a amiga.

- MINHA!!!! - gritou indignada a jovem. - Tu é que lhe bateste, e a culpa é minha??!!

- Eu pensava que estava a ser assaltada! Quantas vezes tenho que te dizer que a chave é só para emergências!??

- Isto era uma emergência!! Nós pensávamos que estavas morta!

- O quê?? Que raio estás a dizer?? Esquece! Falamos depois. Vai buscar o estojo de primeiros socorros que está no meu quarto, por favor.

- Porque é que tenho de ser eu??!!?

- Porque tu és a responsável!

- EU!!???!

- Yuffie, vai buscar o estojo.

A ninja acabou por ir, embora contrariada e a resmungar pelo caminho, deixando-os os dois sozinhos. Agora que pensava nisso, talvez não fosse assim tão boa ideia ter mandado a amiga. Bem, agora já era demasiado tarde. Virou-se para ele e observou os danos. O seu pescoço estava bastante vermelho e ainda era difícil dizer se ia ficar com uma marca ou não. Ele estava a tentar limpar o sangue do lábio rebentado e toda a zona do maxilar direito estava a ganhar uma cor arroxeada.

- Espera, deixa-me ver. - disse afastando-lhe a mão com as suas e examinando o maxilar para ver se estava partido.

- Não está partido. - foi a resposta imediata dele. A sua respiração acariciou-lhe a face, devido à pequena distância que os separava e por momentos Tifa sentiu-se espaçar. Só os barulhentos passos de Yuffie a descer as escadas, a trouxeram de volta.

- Não, não está. Mas o aspecto não é lá muito bonito. Eu preferia que fosses fazer uma radiografia mais tarde, para ter a certeza de que não está rachado.

- Pronto! Está aqui! - disse Yuffie pousando a mala em cima da mesa. - Credo, Leon! Eu se fosse a ti não me olhava ao espelho nos próximos dias.

- Yuffie!!! - disse Tifa, dando-lhe uma cotovelada. - Não está assim tão mau! - assegurou-o ela.

Yuffie fez um barulho indicador de que aquilo estava longe de ser verdade. Leon limitou-se a encolher os ombros, dando a perceber que tanto lhe fazia o aspecto que poderia ter.

- Pois,… as pessoas até eram capazes de não reparar,… se fosse Halloween e ele estivesse vestido de morto vivo!

- Yuffie, já chega!!! Se não tens nada melhor para fazer, então agradecia-te que me fosses preparar o pequeno almoço. Eu ainda não comi nada e estou cheia de fome.

- Ok, ok…. As coisas que eu faço por ti!

- E não… - disse vendo a ninja hiperactiva saltar por cima do balcão e entrar na cozinha. - … passes por cima do balcão.

Leon observou a jovem mulher soprar as madeixas de cabelo que tinha na cara, obviamente irritada. A expressão que lhe adornava o rosto era uma cópia fiel da que Rinoa punha quando estava frustrada com algo, ou quando não conseguia levar a dela avante. Contudo, os seus olhos estavam vivos. Qualquer pessoa perceberia facilmente, que ela não estava verdadeiramente zangada e que, até certo ponto, ela gostava destas pequenas brigas. Eram as únicas vezes que os seus olhos brilhavam e o seu rosto ganhava alguma vida e cor. As maçãs do rosto rosadas, davam-lhe um ar mais inocente e completamente adorável, não que ele alguma vez o admitisse.

Ela virou-se para ele e deu-lhe um sorriso a pedir desculpas. Ele não disse nada e observou-a enquanto ela lhe limpava a ferida ao canto da boca. Tinha um ar extremamente concentrado, como se o estivesse a operar e mordia o lábio de uma maneira que parecia estar a doer-lhe mais a ela do que a ele. Tudo junto e ele quase teve vontade de rir.

Quando acabou de lhe desinfectar o lábio, começou a aplicar-lhe uma pomada sobre a zona esmurrada. O cabelo molhado caiu-lhe para a cara e ela soprou para o desviar, sem êxito. Parou então o que estava a fazer e com a mão levou-o atrás da orelha. Pouco tempo depois este voltou a soltar-se e tapou-lhe a visão. A jovem voltou a soprar, outra vez sem êxito e quando estava quase a parar de novo o que estava a fazer, ele antecipou-se e, sem pensar, ergueu a mão e gentilmente afastou-lhe os cabelos. Ela parou o que estava a fazer e olhou-o nos olhos. Ele deixou ficar a sua mão no meio do cabelo dela e concentrou-se no aroma que libertava.

Quando a viu olhar os seus lábios e depois, inconscientemente, fechar os olhos, teve a certeza de que a queria beijar. E por isso mesmo não o fez.

Retirou a mão do seu cabelo e direccionou o olhar para a parede. Ela abriu imediatamente os olhos, apercebendo-se do que tinha feito e envergonhadamente aplicou o resto da pomada.

- Já está. - disse guardando a pomada e fechando o estojo.

- Ei, miúda! Já tens o pequeno almoço pronto… não sei é se está comestível. Não me atrevi a provar. - disse Yuffie, olhando de um para o outro. - … E se te fosses vestir??

- É melhor. - disse Tifa de olhos postos no chão.

- É, é melhor. - concordou Yuffie, lançando um olhar a Leon que este nem se deu ao trabalho de retribuir. - Eu vou contigo.

- Yuffie, já perdemos tempo que chegue. - disse Leon vendo as duas subir as escadas.

- Não demoro nada.

- Yuffie, por muito difícil que seja de acreditar, eu sei vestir-me sozinha. - protestou Tifa à medida que era empurrada pela amiga.

- Eu quero ajudar.

- Eu agradeço, mas não é preciso.

- Eu insisto.

Quando finalmente chegaram as duas ao piso de cima, Leon soltou o ar que tinha preso desde que tinha virado a cara, face ao beijo. Por um lado agradecia este tempo que lhe fora dado para se recompor.

- Yuffie, eu posso vestir-me sozinha.

A casa não era grande e as paredes também não eram assim tão espessas, de maneira que era possível ouvir-se a conversa que decorria no piso de cima.

- Oh, por favor Tifa! Não tens nada que eu também não tenha, escusas de estar envergonhada.

Por algum motivo, a Leon custava-lhe acreditar nisso. Ele podia encontrar facilmente, uma ou duas coisas que Tifa tinha a mais que Yuffie.

- … Tifa,…?…

- Sim.

- … São mesmo verdadeiras?

- YUFFIE!!!!!!!!!!!!!!!!

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Aqui estava ela. Tifa encontrava-se de frente para o Hotel que sabia ser o local onde se encontrava Cloud. Parte de si queria ir vê-lo mas outra parte desejava sair dali o mais depressa possível e correr para o mais longe que as suas pernas conseguissem. Começava a ficar farta destas reuniões. Iria ser a sua vida esta constante deprimente? Ou haveria um dia em que tudo iria acabar? Se sim, quem o iria acabar? Ela, ou Cloud? Como seria uma vida sem Cloud? … Era isso possível? Uma vida sem Cloud? Não era ele a sua vida? Tinha sido nos últimos sete anos. Sete anos…. Um bom pedaço da sua vida, que muitos afirmavam ter sido desperdiçado. Tinha sido? Se soubesse onde estaria agora,… teria feito o mesmo? Infelizmente, o mais provável era a resposta ser sim. Porquê?

A porta do Hotel abriu-se e Tifa viu sair Aeris.

- Oh, Tifa. O Cloud já chegou.

- Pois, eu vinha falar com ele…. Ele está? - perguntou sabendo perfeitamente a resposta.

- Sim, sim, eu acabei de falar com ele. - Aeris pareceu corar no final da frase, mas isso não perturbou demasiado Tifa. Ambas coravam sempre que se falava de Cloud.

- Bem, então até logo. - disse passando pela outra rapariga.

- Até logo…. Oh, Tifa!… Nós ainda somos amigas, não somos?

Tifa parou e olhou de forma estranha a outra rapariga.

- É claro que sim.

- … Ainda bem…. Sabes que eu tenho a tua amizade em grande consideração e que não a quero perder…. Mesmo que por vezes não pareça… ou que outros assuntos se metam pelo meio………. A decisão é do Cloud.

“De que está ela a falar?”

Aeris deu-lhe um fraco sorriso e prosseguiu o seu caminho. Tifa ficou mais alguns momentos a tentar decifrar o que Aeris lhe tinha dito, mas acabou por desistir. Dirigiu-se ao quarto de Cloud a um passo bastante apressado com medo de que se demorasse muito a sua coragem a abandonasse. Bateu à porta, inspirou fundo e esperou que a porta se abrisse.

Cloud recebeu-a com uma rara e preocupante expressão de felicidade na cara. Tifa não se conseguia lembrar da última vez que o tinha visto assim…. Talvez quando eram crianças. Mal os seus olhos pousaram nela, pelo menos, metade do brilho que o seu olhar possuía diminuiu com um piscar de olhos.

- … Tifa,… pensava que era… - começou ele de uma forma um tanto atrapalhada.

- A Aeris? - interrompeu-o ela.

- …

- Eu cruzei-me com ela, quando vinha para cá.

- …

- Vim em má altura? Eu posso sempre voltar mais tarde.

Cloud afastou-se da porta para a deixar passar. Os dois caminharam até ao grande sofá e sentaram-se durante algum tempo em silêncio.

- A Yuffie disse-me que chegaste ontem.

A resposta de Cloud foi um leve abanar de cabeça.

- Suponho que tenhas chegado cansado.

- …

- …

- … A Yuffie disse-me que abriste outro bar.

- É só enquanto não voltamos para casa.

- …

- Não é tão grande como o outro, mas serve. Tenho lá espaço para ti. Não é o teu quarto… mas é confortável.

- … Acho que prefiro ficar aqui.

- … Caso mudes de ideias,… a porta está aberta.

- …

- Bem, tenho de ir, - disse levantando-se. - ainda tenho umas compras para fazer. Passei só para saber como estavas. Não me posso dar ao luxo de perder o meu cargo honorário de melhor amiga, pois não?

Cloud mostrou-lhe um sorriso amarelo.

- Fico feliz por saber que estás bem. - disse abraçando-o ternamente. Demorou um pouco, mas Cloud acabou por devolver o abraço, embora relutantemente.

Acompanhou-a até à porta, e Tifa não pôde afastar a impressão de que o seu amigo de infância lhe escondia algo…. Algo se passava. Estaria doente outra vez?

- Cloud,… - disse antes de este poder fechar a porta. - … Está tudo bem?

- …

- Passa-se algo? - insistiu.

- … Não.

E fechou a porta.
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