300: o outro lado da história
Capítulo quatro
Mais dias são engolidos pela boca do tempo. E como era previsto, Leônidas ignora a proposta do Rei Xerxes. Jamais abriria mão da luta pela liberdade de Esparta, pela vida de uma única pessoa. Ele conhecia seu irmão guerreiro e sabia que ele entenderia a sua decisão. Lassir não morreria sem antes lutar muito e contra muitos.
- Você está com fome?
Lassir leva seus olhos cristalinos na direção do corcunda e exibe uma máscara de inexpressividade. Era a máscara de uma estátua.
- Todo ser vivo sente fome.
- Eu trouxe um cozido com carne e legumes. Há vinho também. – Ephialtes sorri e espanta-se ao perceber que acabou de receber um sorriso de volta.
- Fico tranquilo sabendo que estou sob seus cuidados.
- Eu o trouxe para cá e sou responsável pelo seu bem estar.
Lassir acentua sua beleza ao sorrir. Pisca pesadamente como fazem as mulheres quando querem seduzir ou conquistar o seu homem.
- Estive pensando e gostaria de compartilhar com você, os meus pensamentos.
O corcunda observa Lassir bater levemente sobre o colchão, convidando-o a sentar-se. Aceita o convite e senta-se um pouco atrapalhado.
- O que você pensou?
Ajeitando-se para aproximar-se do carcereiro, Lassir move-se e exala o cheiro do banho recém-tomado. Havia exagerado nas essências apenas para provocar incômodo.
- Meu destino foi traçado quando me raptaram e trouxeram-me para cá. Querendo ou não, terei meu corpo forçado a receber a sujeira de Xerxes porque ele quer que eu seja mãe dos monstros que ele gerar.
- É inevitável devido à sua condição...
Lassir molha os lábios com a língua e avizinha-se ainda mais de Ephialtes.
- Sim, eu sei disso. Mas eu não me conformei.
- E nem deveria. – o corcunda brinca com os próprios dedos.
- Então, eu decidi que posso escolher quem será meu primeiro homem. – Lassir avizinha-se ainda mais e usa seu poder feminino para derrubar as defesas do escolhido. – Percebi a maneira como você me olha quando me vê no banho. Além da toalha que desliza em minha pele, sinto os seus olhos deslizam junto. Sabia que já vi você se lambendo quando vê os tecidos caindo de meu corpo.
- Eu apenas...
- Apenas me deseja como um homem deseja a uma mulher. - aproxima-se tanto que encosta os lábios no rosto do corcunda. – Eu elegi você para ser meu rei.
- Eu conheci uma mulher há pouco tempo e...
- Então, já sabe como tratar um corpo feminino. Mas o meu corpo não é apenas feminino. Mas é um corpo com sensibilidade e pode ser estimulado.
Ephialtes tenta levantar-se, porém é detido pelos dedos fortes de Lassir.
- Os deuses permitiriam que meu corpo fosse dicotomizado por algum motivo. E esse motivo era o nosso reencontro. Estamos ligados desde o nascimento e fadados a sermos um do outro. Eu serei sua rainha e você será o meu rei e meu protetor.
- Não posso...
- Não pode ou não quer? Eu não pertenço ao nojento soberano. Mas posso pertencer a um soldado honrado, um espartano que me salvará e que provocará a queda do império persa.
- Sou um aleijão...
Lassir move-se rapidamente e senta-se nas coxas do corcunda.
- Minha parte feminina será sua e minha fidelidade de soldado também. – segura-lha os ombros fortes. – A menos que você queira ver-me ser currada por aquele monstro ditador e desalmado. Já imaginou o que ele poderá fazer comigo?
Detendo Lassir pelos ombros, o corcunda deita aquele corpo incomum sobre o colchão. Era a coisa mais linda que ele havia visto em toda sua vida! Era a piada mais cruel que os deuses haviam contado e deveria estar às gargalhadas naquele momento! Lassir exalava desejo e feminilidade e praticamente implorava para ser invadida! Invadida ou invadido?
Não! Não era um homem quem estava ali sob seu corpo! Homens não são suaves, macios e tampouco poderiam ser chamados de bonitos! Há homens fortes, valentes, elegantes, mas não lindos como aquela criança de olhos grandes, doces e enfeitados com aqueles cílios longos e negros. Lassir não era um homem! Aquilo tinha sido um engano dos deuses!
Um beijo é trocado desajeitadamente e naquele momento tudo se perde no tempo e no espaço. As barreiras de Ephialtes caem por terra e seu temor por qualquer punição é definitivamente esquecido. Tudo estava resumido aos contornos daqueles lábios pequenos e daquele corpo que se abria para novos conhecimentos.
Lassir. A linda e perfeita Lassir estava oferecendo a sua inexplorada fenda de jade para ser conhecida e invadida. Era um convite devasso e irrecusável!
Por longas horas, os dois perdem-se naquela dança e naquela exploração. Em algum momento, a razão do corcunda retorna à sua alma e ele abre seus olhos apenas para admirar ainda mais aquela flor sob seu corpo. Seu peito e seus braços de homem estavam colados aos contornos de outro homem, menos forte e menos viril. Entretanto, seus quadris estavam sendo envolvidos pelas pernas fortes de uma mulher moldada por exercícios físicos. E uma determinada parte de sua anatomia, encontrava-se protegida dentro de um espaço quente, úmido e aveludado oferecido por Lassir. Um espaço feminino!
Aquilo o enlouquecia!
Nos dias que se seguem, os encontros furtivos e lascivos acontecem mais de uma vez ao dia. Era impossível resistir aos apelos de Lassir. A bela Lassir, a doce Lassir, a rainha devassa dos espartanos. A rainha viril que Xerxes queria desposar.