300: o outro lado da história
Capítulo Nove
O tempo continua passando e as batalhas também são constantes. Nem Leônidas tampouco Xerxes permitiam que o bom senso e os acordos surgissem como solução mais humana para o fim dos confrontos armados.
Devido ao período de batalhas, Xerxes não estava presente na vida de Lassir. Passavam semanas sem encontros e conversas, para alívio do espartano e de seu bebê. E foi numa manhã silenciosa em que a figura de Ephialtes surge sorrateira no quatro da rainha, tomando-a de assalto.
- Levante-se, Lassir! Está tudo pronto para irmos daqui!
Sonolento, Lassir senta-se sobre o colchão e instintivamente protege a barriga com a mão. Estava imenso ou imensa!
- O que está havendo?
Sem ter tempo para entender o que estava havendo naquele momento, Lassir é praticamente arrastado para fora do quarto. Ajudado por Ephialtes e Pérola, segue por uma longa e torturante passagem secreta por baixo da construção do palácio.
Segundo as ordens de Xerxes, somente Pérola tinha a autorização para os cuidados de Lassir, na ausência do rei. E a ordem apenas havia servido para facilitar a fuga, percebida somente após o terceiro dia de ausência da rainha no palácio. A esta altura, o trio já estava longe das dependências persas.
Naquele mesmo período, as tropas de Leônidas haviam recuado para seu ponto estratégico, onde curariam os feridos e discutiriam novas estratégias de ataque e defesa. Um enviado do rei tinha se infiltrado nos vilarejos persas em busca de informações que pudessem ser valiosos nas batalhas.
- Os aldeões estão contrariados com Xerxes. Nas conversas que tive e ouvi, há pessoas favoráveis e pessoas contra a atitude inesperada do rei. Ele se casou em meio à guerra e para isso uniu-se a uma espartana.
Leônidas engasga-se com a fala de Dilios. Inacreditável!
- Essa é alguma piada?
- Não, majestade. Xerxes cometeu esse desatino e casou-se com uma mulher de nossa gente. É obviamente uma maneira de humilhar os espartanos.
- Certamente que sim! Ele usou os espartanos traidores para conseguir essa mulher? – explode o rei ficando em pé.
Dilios dá de ombros.
- Ela pode ter ido até ele, por vontade própria. Jamais se esqueça de que Xerxes é mestre em sedução.
- É um maldito sujo! Tentou seduzir-me, raptou e matou meu irmão e agora casa-se com uma de nossas mulheres! – Leônidas caminha de um lado ao outro. Volta-se para o soldado. – Eu quero saber tudo sobre essa mulher! Quero saber se ela existe mesmo ou se é mais um dos truques do devasso!
- Alguns aldeões afirmaram que a viram no dia do casamento. Ela saiu para ser apresentada, na sacada do palácio. Outros afirmam que é uma mulher qualquer, travestida de noiva apenas como provocação de guerra.
Leônidas segura o braço do soldado.
- Volte lá e descubra tudo sobre a existência dessa mulher. Não posso permitir que aquele rato imundo tente achincalhar a nossa moral! Quero que use sua lábia e sua facilidade de atração! Agora vá!
Sem hesitar e com o ego inflado, Dilios afasta-se e vai buscar da resolução da tarefa imposta pelo rei.